Uma terapia
genética experimental conseguiu reduzir a taxa de células nervosas mortas ou
degeneradas no cérebro de pacientes com Alzheimer, de acordo com novos
resultados de um estudo clínico da Universidade da Califórnia, em San Diego,
publicado na revista JAMA Neurology.
Ao injetarem um
fator de crescimento neuronal no cérebro desses pacientes, as células mortas
foram resgatadas, aumentando o seu crescimento e induzindo o surgimento de
novas fibras. Em alguns casos, os efeitos benéficos persistiram por 10 anos.
Os novos resultados
são resultados preliminares dos primeiros testes feitos em humanos que testaram
os benefícios potenciais do fator de crescimento neuronal (NGF, na sigla em
inglês) em pacientes com Alzheimer.
O NGF foi
descoberto na década de 1940 por Rita Levi-Montalcini, que demonstrou que a
pequena proteína promove a sobrevivência de certos subtipos de neurônios
sensoriais durante o desenvolvimento do sistema nervoso. Desde então, outros
estudos demonstraram que o fator também promove a sobrevivência de células produtoras
de acetilcolina no cérebro, que morrem na doença de Alzheimer.
Biópsia
Na primeira fase do
estudo recente, oito pacientes com Alzheimer leve foram submetidos a
terapia. Uma biópsia da pele das costas foi realizada em cada um deles
para serem isoladas células do tecido conjuntivo chamadas fibroblastos,
geneticamente modificadas para expressar os genes de NGF, que depois foram
implantados nas células do cérebro desses pacientes.
Um destes pacientes
morreu cinco semanas depois de receber a terapia. A equipe do cientista Mark H.
Tuszynski, da Universidade da Califórnia, autor do estudo, obteve permissão
para realizar uma autópsia e, em 2005, relatou que o tratamento levou a
respostas sobre o crescimento das células sem causar efeitos adversos.
Os últimos
resultados vêm de exames post-mortem dos cérebros desses pacientes, os quais
também tinham sido recrutados em um estudo entre março de 2001 e outubro de
2012, para serem submetidos a terapia.
Alguns dos
participantes morreram um ano após a terapia e outros sobreviveram por 10 anos
após o tratamento. A autópsia de seus cérebros revelou que todos eles tinham
respondido ao tratamento, ou seja, todas as amostras de tecido do cérebro
continham neurônios doentes, conforme o esperado, mas na região do cérebro que
recebeu o NGF haviam brotado fibras axonais nas células. Por outro lado, nas
outras partes do cérebro não foi visto o mesmo resultado. Nenhum dos pacientes
apresentou efeitos adversos ao longo do tratamento.
Os resultados
preliminares do estudo sugerem que as células sintetizam o NGF e aumentam
bastante sua concentração em torno do local onde foi administrado. Os
cientistas afirmaram, ainda, que as respostas das células ao NGF podem
persistir por anos no cérebro.
Como a segunda fase
do estudo ainda está em curso, é cedo para dizer se o tratamento pode ser
eficaz para tratar o Alzheimer, enfatizam os cientistas. Porém, eles acreditam
que a terapia genética é uma estratégia viável para o tratamento da doença de
Alzheimer e de outras doenças neurodegenerativas.
Imagem:http://stopautismo.blogspot.com.br/2010/09/descoberta-formula-in-vitro-para-criar.html
Data: 31/08/15